Às vezes acontece que

me entra o pensamento de: quê estou fazendo com isto de apanhar aqui e alô palavras perdidas?
Palavras que são faladas por gentes que não temos o poder, isto vem sendo palavras sem poder.
Palavras que esmorecem, que já não se usam, pois o seu objecto despareceu, está desaparecendo.
Palavras que caem esmagadas pela força da globalização, da espanholização.

Sinto-me como quem vai recolhendo e guardando roupa velha que já não vestirá.

- Para que?
- Para encher arcas de solidão.
- Oh!, deixem-me de morrinhas!

Arrenego da soledade, esse sentimento que mais ao sul requintaram em saudade.
Tão escassos andávamos, andamos, que da dor e do dó construímos.
Maravilha!


Ainda assim finalmente sai o que sai:
Mais um outro blogue de soedades.
- Bô, e logo que vai dar um galego quado se exprime?

O cantar do ghaleghinho
é-ch'um cantar bem tristeiro,
começa c'o ai-la-LÁ-lô
remata c'o ai-la-LÊ-e-lô.

Arredemo!, que não quero suidades!
Se quadra, para me libertar delas tenho-as que botar fora, aqui:
Um trouso de morrinhada.
Desculpem se ao ler no blogue, marcham salferidos da soidade deste pequeno campo-santo.

Bem, o bom é para mim esta busca, e o que as palavras guardam debaixo, por vezes umas estorinhas esclarecedoras e doutras verdadeiras histórias que a mim me servem.
Ver por debaixo das palavras
Como quem vai apanhando folhas velhas, anacos dum grande livro, e pode ir compondo a trama, ir vendo a intenção do autor.
A isto tudo ajuda que possamos entrar noutros espaços, já não digo irmãos, pois são lugares que nos pertencem, partes ocultas nossas, ocultadas. Capítulos e capítulos que nem sabíamos deles e estavam aí, do outro lado do que lhe dam em chamar Raia, ou nos nossos recunchos, nas nossas gavetas fechadas.
Não, não um sincretismo.
O mesminho conto!
Aprofundar para ver como as palavras nos conformam, para bem e para mal.

Talvez compartir aqui, por se alguem ...

E mas o certo é que nalgum lugar tinha que deixar isto tudo, e aqui no blogue dá-me mui bom jeito.

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