A negaçom do aspecto negativo

Dizia o Paio Soares:
...
Mao dia que me levantei
que vos enton nom vi fea!
...

Como galego nom necessito explicaçom disto:
Maldito dia! me levantei / que não vos vi feia (ou seja, viu a mais bela).
Pois estou acostumado a ouvir e empregar este estilo retorto para afirmar, inclusive louvar, cousa que, às vezes, com interlocutores doutras culturas leva a mau entendimento.

Conversa de galegos:
- Que tal está o vinho?
- Mal nom está. (é dizer: Está bom).
- Toma-lhe outra!!

Falando com umha brasileira ou brasileiro pode-nos acontecer isto:
- Gosta de mim?
- Fea/feo nom és.
- Como assim??? É o mais horrível que nunca me disseram!!!!

Conta-me um amigo:
Quando estava o meu pai no hospital, morreu um home na cama do lado.
Foi assi algo desagradável, já sabes, o meu pai ali ao ladinho mesmo, a sua mulher sem intimidade.
Bò, um desastre.
E claro, veu por ali o capellán do sanatório.
Achegou-se à viúva, e deu-lhe o pésame.
E vai o crego, logo de falar um cachinho coa senhora, e já tal e qual, e di-lhe:
- E ..., agora, rezaremos-lhe um padrenuestro? Parece-lhe?
- Home, mal nom lhe fai - contestou-lhe ela.
Eu saim dali, botei-me fora, ia-me mal a mim.
"Mal nom lhe fai, mal nom lhe fai". Hai-che cada caso.


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